
A concepção negativa relacionada aos tratamentos realizados por uma clínica psiquiátrica está fundada em um território de pleno desconhecimento, especialmente quando são parte do enredo de uma tentativa para curar dependência química.
Grande parte dessas associações também se devem ao fato de divulgações feitas em tablóides e mídias de imprensa quando alguma celebridade precisava de retratação por causa de seus atos de rebeldia ou fora do comportamento padrão aceitável.
Pensando sobre todas as injúrias que serviram como base para formações de opiniões fictícias sobre as clínicas de reabilitação, pretendemos desmistificar todas as ideias acerca deste tema e mostrar como realmente funcionam as clínicas.
Além disso, também vamos esclarecer qual é a relação da clínica com a internação psiquiátrica para curar dependentes químicos que desejam se livrar dos vícios.
É importante ressaltar que este assunto precisa ser cada vez mais explanado para esclarecer as dúvidas mais frequentes que surgem quando o tema surgir.
Como funciona uma clínica?
Uma internação psiquiátrica serve para realizar a ministração de algum tratamento em indivíduos acometidos por comorbidades, todos os tipos de transtornos mentais e também dependência química.
O objetivo desses processos se baseiam no mesmo princípio: evitar que o paciente e outras pessoas tenham sua vida em risco.
Normalmente, o paciente internado em um hospital psiquiátrico é atendido a qualquer momento (24 horas por dia, todos os dias da semana).
No local, o mesmo recebe alimentação, medicação e participa de diversas atividades, sendo que tudo isso é acompanhado por uma equipe multiprofissional com especialidade em saúde mental.
Essa equipe de profissionais costuma trabalhar com o paciente e com a participação de sua família, já que isso pode ajudar e contribuir com sua melhora.
Em geral, há bom desenvolvimento em casos que os amigos e familiares se mantêm próximos, proporcionando melhor qualidade de vida ao paciente e facilitando sua reinserção na sociedade.
Entre as maiores vantagens da internação, podemos dizer que o tratamento promove a conscientização e aceitação do problema por parte do paciente. Ou seja, é possível trabalhar nos sinais e sintomas para que aconteça uma ressocialização.
Quais vícios podem ser tratados em uma clínica psiquiátrica?
Além de ser uma solução viável para o tratamento de depressão, transtornos psicóticos (como a esquizofrenia), transtornos de humor (como bipolaridade), transtornos alimentares, síndrome do pânico, psicose, ansiedade e intenções suicidas, as clínicas psiquiátricas também tratam de dependência químicas – mais especificamente, alcoolismo e vício em qualquer tipo de droga (legais e/ou ilegais).
São passíveis de internação todos os dependentes químicos que estejam num estado em que comprometa a funcionalidade dos mesmos como indivíduos e que estejam sendo prejudicados pelo vício (ou até outras pessoas ao redor).
Considerando tudo que mencionamos até aqui, podemos dizer que a clínica é o melhor caminho para curar a dependência química, já que conta com toda a estrutura necessária para viabilizar esse restabelecimento.
Como a internação psiquiátrica é solicitada?
Como foi mencionado, o próprio paciente a ser tratado pode se internar em uma clínica. Porém, quando não há intenção de tratamento por parte da pessoa dependente, as seguintes pessoas podem solicitar a entrada no processo de internação psiquiátrica: a família, responsáveis legais, assistência social e profissionais da saúde.
Para todos os casos, a recomendação de internação deve ser assinada por um psiquiatra.
Entenda o que é internação psiquiátrica voluntária e involuntária
Quando o paciente entende que precisa ser internado e procura fazer isso por livre e espontânea vontade, acontece uma internação voluntária.
Porém, quando a pessoa que deve ser internada não tem intenção de passar pelo tratamento de dependência química e acaba passando por isso graças a uma intervenção forçada (solicitada por médicos, familiares ou até mesmo a justiça), acontece uma internação involuntária.
Como acontece internação psiquiátrica involuntária?
O caso da internação psiquiátrica involuntária torna-se uma opção quando não é mais possível fazer a internação voluntária e o dependente químico representa certo risco a si mesmo e aos outros.
Por isso, esse tipo de internação só é recomendado em situações mais graves, para pessoas que necessitam de cuidados mais intensivos (especialmente para quem está em situação de crise, surto ou pré-disposição ao suicídio).
Somente intervindo em crises e controlando-as, é possível que o indivíduo volte a um estado estável.
Tendo sucesso, a internação psiquiátrica pode restabelecer o convívio social e promover novos relacionamentos de forma saudável, permitindo que essas pessoas tenham qualidade de vida e não sejam abalados pela dependência.
Vale lembrar que, mesmo sendo solicitada pelos familiares, a internação involuntária só deve acontecer com autorização médica.
Tal tipo de internação também só tem início se for comunicada no prazo de setenta e duas horas ao Ministério Público, que também deve ser comunicado quando o paciente vai receber alta.
Quanto tempo dura uma internação psiquiátrica?
Mesmo tendo os mesmos vícios, cada paciente passa por uma situação diferente quando está dependente. Por isso, não existe um tempo pré determinado para nenhum tipo de internação psiquiátrica.
O médico responsável pelo caso e sua equipe de profissionais vão, em conjunto, determinar o tempo de internação e determinar quando há recuperação do paciente psiquiátrico.
No entanto, é possível que seja feita uma previsão por meio de diagnósticos durante a internação psiquiátrica. Assim, sabe-se a média de tempo que vai levar este tratamento até a recuperação do paciente.
É importante destacar que esse prazo vai depender de variados aspectos – como, por exemplo, fatores hereditários e a resposta do organismo do indivíduo, além de sua colaboração com os procedimentos.
Fases do tratamento de dependência química em uma clínica psiquiátrica
O tratamento completo e especializado para dependência química em uma clínica psiquiátrica proporciona alguns recursos para uma boa recuperação do paciente.
Para isso, é preciso passar por algumas fases. São elas:
- Diagnóstico ajustado em conformidade com o tipo de vício (para entender o nível de gravidade e os riscos envolvidos);
- Planejamento de um projeto terapêutico com a equipe de profissionais para promover cuidados apropriados para cada paciente;
- Práticas do tratamento acompanhadas diariamente por uma equipe de profissionais especializado;
- Alta do paciente.
Essa equipe frequentemente mencionada aqui é composta por um médico psiquiatra, um médico clínico, psicólogos, enfermeiros, nutricionista, terapeuta ocupacional e educador físico.
Mas, afinal, a internação em uma clínica psiquiátrica pode levar à cura da dependência química?
Se quer uma resposta sincera, nenhuma internação vai funcionar se o paciente não quiser se libertar de seus vícios! Isso porque a maioria das doenças psiquiátricas (como a dependência química) são crônicas, podendo se manifestar a qualquer momento.
Ainda que os sinais da dependência sejam reduzidos ou retirados com o tratamento de internação, se o paciente voltar às suas práticas, eles voltam a aparecer. Mas isso todo mundo já sabe. Não se desespere!
Com o tratamento adequado, é possível que os pacientes tenham a chance de escrever uma nova vida, viver um novo momento, sigam seus sonhos e realizem muitas coisas totalmente livres do vício.
Por fim, vale mencionar que todo tratamento em uma clínica psiquiátrica precisa de continuidade. Por isso, os pacientes devem continuar sob o acompanhamento de psiquiatra e realizando o processo de psicoterapia.